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A “Saudade” em Mark Steiner

A “Saudade” em Mark Steiner

Entrar no mundo (e problemas) de Mark Steiner é embarcar numa viagem envolvente e profunda, repleta de símbolos musicais. Deliciosa para quem aprecia letras mais escuras, e que transparecem sinceridade. E é esse compromisso que o músico assume que torna o registo irresistível.

Por Irene Mónica Leite

As músicas de Steiner são atraentes, envolventes e densas. Um belo discípulo de Nick Cave, claramente. E não só…

“Saudade”, nome que ostenta uma visível costela lusitana (que lhe fica tão bem!) serve-nos um blues rock inolvidável. Um trabalho de luxo com convidados a condizer. Saudade reúne participações de uma série de reconhecidos artistas internacionais de vários pontos do planeta. Da Austrália, o álbum conta com a participação de Mick Harvey, ex- Bad Seeds (The Birthday Party), Julitha Ryan (Silver Ray), e Rosie Westbrook (ex-membro da banda de Mick Harvey). De Nova Iorque, Sally Norvell (Congo Norvell), Paul Wallfisch (Ministry of Wolves, Botanica, ex-Firewater), e Tricia Warden (ex-Liarface). Da Noruega, Emil Nikolaisen (Serena Maneesh), Øystein Sandsdalen (Le Corbeau), Oddrun Valestrand (Tundra Mode), Celile Güzelce (Stillephonema), e Odd Johansen (Oddpopp). Da Escócia, Graeme Miller (Louise McVey & Cracks in the Concrete, Hamper). Há ainda uma participação portuguesa de Ricardo Silva. Convencidos? Pergunta retórica.

Faixa por faixa

“Shedding Skin” não poderia abrir o registo da melhor maneira. Faixa belíssima. O piano em “Fortitude” eleva o tema, mas com atmosfera dark, como já havíamos avisado. “Waves”, delicioso (e com vídeo a condizer!).

“Dead Radio”, penetrante. “Don´t Explain” é outro importante momento do registo, encantador na sua melancolia e envolvência. “Stripped”, directa. “Saudade”, fabulosa e com uma melodia que nos deixa embalados. “Unbearable (Bowery Version)”, melodia de veludo e com um toque feminino que só lhe concede valor acrescentado.”Love is Gone” com um tom confessional implacável. “Closing Time”, embala. “Venus in Furus” é simplesmente gloriosa , uma bela homenagem aos Velvet Underground. “Hallelujah the Hills” com uma batida que nos consome e transforma simultaneamente. . “A Compass Will Do You No Good Here”, é uma bela forma de encerrar este “tratado de emoções”.

O título “Saudade” já indicia o sentimento nostálgico, denso, que abraça o álbum de uma forma penetrante.

Em suma , um registo discográfico sólido que encanta de inicio ao fim , não só pelo desempenho de Steiner e seus convidados, mas também pelas referências musicais impregnadas.

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