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Crítica : 2 Chamadas Não Atendidas

Crítica : 2 Chamadas Não Atendidas

O disco de estreia do grupo “2 Chamadas Não Atendidas” conquista de imediato pelo seu caráter envolvente e até cinematográfico, isto para além da aventura surgir do impulso criativo no seu estado mais puro: a liberdade.


Texto Irene Mónica Leite

Tal, porventura, convidou o bombardino e oboé , para redigir o começo de uma bela história instrumental. E a pensar que tudo iniciaria por um simples gesto: não atender uma chamada. Bendita distração, diriamos.

O trio, composto por Gonçalo Marques (bombardino), Artur Rouquina (oboé) e André Louro (piano), evidencia-se logo ao primeiro registo com uma identidade sonora bem vincada, com prova dada de que a sua música poderia ser a banda sonora ideal para filmes cuja densidade piscológica reside no poder da música instrumental. Deixamos a sugestão….
Uma das músicas favoritas da redação é “Porreiro, Pá”, pelo seu dinamismo e jovialidade. “Suite do Caos” também nos enche as medidas, assim como “Ai , bonitinha”,

É uma lufada de ar fresco no panorama da música nacional, o que não pode deixar de ser celebrado. O experimentalismo e a liberdade, duas palavras chave neste projeto, não podem desligar estas “2 chamadas não atendidas” do jazz (todo o seu principio está carimbado no grupo português) , para além de relações breves com a música de câmara ou contemporânea. Tal vai de encontro a uma das influências pessoais que André Louro nos confidenciou em entrevista: Frank Zappa.

Zappa começou na escola clássica (seu grande idolo era Edgar Várese) e no entanto, até hoje, é dificil segmentar a sua obra num unico estilo. O mesmo acontece com as “2 Chamadas Não Atendidas”. Mas aí reside precisamente a sua diferenciação. O eterno namoro e fusão de estilos. A exploração sonora é uma constante…

4 estrelas 

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