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Mito: “A nova abordagem surpreendeu muita gente”

Mito: “A nova abordagem surpreendeu muita gente”

Os MITO são um projeto que surge da colaboração entre Manuel Siqueira e Pedro Zuzarte, com um histórico já firme com a banda Lotus Fever. Com métodos de composição mais eletrónicos, o projeto é também marcado por colaborações especiais com músicos como Manel Cruz ou David Jacinto. O segundo álbum já está a ser trabalhado. A Scratch Magazine aproveitou para conhecer melhor este percurso. Confere!

Texto/Irene Mónica Leite

Foto/Rita Carmo

Com apenas duas cabeças a pensar,o foco deixa de ser o instrumento particular, procurando ouvir a música com distanciamento e focar a atenção na procura e descoberta da instrumentação.

“MITO é uma banda que surge da colaboração entre mim (Manuel Siqueira) e o Pedro Zuzarte. Embora o projeto MITO, com nome propriamente dito e uma identidade assegurada, tenha apenas alguns anos, na verdade, podemos dizer que (não oficialmente) já começou há muito tempo, quando nos começámos a juntar na sala de minha casa para tocar. Isto foi em 2008! Mais tarde, veio a banda Lotus Fever, e, durante muito tempo, trabalhámos em formato quarteto, e agora estamos novamente os dois sozinhos a criar para MITO”, começa por explicar à Scratch Magazine, Manuel Siqueira.

Assim, o guitarrista deixa de ser guitarrista, passa também a baixista, a baterista, a violinista, e tudo o mais que for necessário.

“Passámos a ser só dois, o que exigiu uma grande aprendizagem a nível de novos instrumentos e métodos de composição mais ‘eletrónicos’ para compensar, por exemplo, a inexistência de bateria. Acaba por ser um processo muito mais completo, não nos agarrando tanto ao nosso instrumento ‘mãe’, e por isso bastante libertador de um ponto de vista criativo”.

O imaginário urbano, contemporâneo, néon e eléctrico funde-se com um profundo desejo de experimentação, com traços de um pop electrónico de origens indefinidas e que explora a nossa língua materna de uma forma única, com uma inegável vontade para a pista de dança.

Quanto ao modus operandi do processo criativo podemos referir que este é natural. “Sentamo-nos à secretária e andamos a correr de instrumento em instrumento até sair algo que gostemos. Depois começamos a desenvolver determinada ideia, procurando (às vezes, durante muito tempo) a instrumentação certa, e tentando perceber onde está a essência da música e qual a sonoridade certa. Uma vez percebendo isso tudo, torna-se mais fácil, o grande desafio está mesmo em compreender a música, para onde a devemos levar, qual o ‘mood’.

“As Propostas” é o terceiro tema a ser destacado do álbum de estreia dos MITO, depois de “Vida de Cão” e “Grão a Grão”. A sonoridade d’“As Propostas” é mais  electrónica do que os primeiros singles, num notório apelo às pistas de dança, reforçado pela escolha de  Kate Byednenko para protagonista do videoclipe.

“A razão é óbvia” (álbum) foi editado em fevereiro e fez emergir no panorama musical português aqueles dois músicos, companheiros de percurso musical há cerca de uma década, à época no grupo Lotus Fever.

O disco de estreia deste projeto conta com grandes participações: Manel Cruz(Ornatos Violeta, Pluto, Supernada, Foge Foge Bandido, Manel Cruz), David Jacinto (TV Rural, Lobo Mau, Noves Fora Nada) e ainda as Golden Slumbers de Margarida Falcão (também de Vaarwell) e Catarina Falcão (aka Monday).

A pergunta, naturalmente, nasce: As canções foram trabalhadas a pensar nesses músicos em concreto?Curiosamente, foi o contrário: surgiu sempre primeiro a música e, mais tarde, a ideia de ir buscar determinada pessoa para colaborar nesse tema. Sem exceção, foi assim. Já o processo de trabalho com as pessoa, que se seguiu, esse foi sempre diferente. No caso do David Jacinto, passámos uma noite com ele a beber copos e a gravar – tínhamos uma secção para um discurso que queríamos que ele declamasse e foi uma questão de encontrar o tom certo para o discurso. Já com o Manel Cruz foi um processo completamente diferente, à distância e constantemente a trocarmos emails com ideias, etc. O Manel Cruz compôs todas as vozes que canta na música e letra, o que exigiu darmos muitas voltas à musica original para darmos espaço ao Manel. Por fim, com as Golden Slumbers foi uma questão de nos juntarmos, elas cantarem as partes que tínhamos pensado para elas, foi tudo muito rápido”.

Quanto à receptividade do público, não poderia ser melhor. “Penso que a nossa banda anterior, Lotus Fever, que é uma banda de rock alternativo, criou alguma expectativa em algumas pessoas quanto a seguirmos esse caminho. A nova abordagem com MITO surpreendeu muita gente, mas diria que na sua maioria de uma forma positiva. Acho que o nosso público potencial é bastante maior com esta banda. Também dos media temos tido algumas reações e críticas que nos deixam muito felizes e andamos a passar em todas as rádios do nosso estilo”.

Entre o balanço e os planos futuros

“Temos muito orgulho em tudo o que fizemos, o que ajuda à nossa confiança para continuarmos nisto. Por fim, as colaborações incríveis que arranjámos neste primeiro álbum, basicamente os nossos dois maiores ídolos em Portugal, dão-nos muita pica e segurança que estamos no caminho certo, e com a motivação certa”, conta-nos Manuel Siqueira.

Os MITO neste momento estão a trabalhar no segundo disco, que sairá em 2022. “Temos muito trabalho pela frente até ao final deste ano, estamos a descobrir os novos caminhos sonoros que queremos explorar e está tudo a ser novamente uma descoberta. Queremos fazer algo diferente do primeiro disco, mas dentro da identidade que assumimos. Aparte isso, esperamos dar mais e mais concertos”, remata o músico.

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