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À Conversa com…Mike Scott (The Waterboys)

À Conversa com…Mike Scott (The Waterboys)

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“Eu sou um compositor, não um poeta”

O Som à Letra teve o prazer de estar à conversa com Mike Scott, vocalista dos icónicos Waterboys. Houve espaço para falar de tudo. Desde o processo criativo no mais recente trabalho do grupo, Modern Blues, a uma história caricata , numa conversa muito bem disposta, onde as boas noticias para os fãs portugueses chegaram. Sim, a banda planeia uma ou mais visitas por cá. Confira.

Por Irene Mónica Leite

Tradução de Cátia Cruz

Depois da audição do portentoso álbum Modern Blues (lançado na próxima segunda feira) ,o Som à Letra não conteve a curiosidade e falou com Mike Scott sobre o seu percurso nos Waterboys, entre outras surpresas. O músico, que se assume acima de tudo um compositor e não um poeta, pretende levar o grupo ainda mais longe.

O curriculum ajuda. Vamos só apresentar algumas pérolas do histórico da banda.Basta citar algumas: “This is the sea”; “Don´t bang the drum”; “Fisherman Blues”ou a romântica “The Pan Within”.

1-Eu considero-o um poeta. Como se processa a composição das letras?

Eu começo com um verso ou um título e começo a cantar. Uma vez definida a melodia para o primeiro verso, surge o segundo verso. E assim já estou encaminhado. Mas eu encaro-as como letras, não como poemas. Um poema é algo diferente. Eu sou um compositor, não um poeta.

2) Tem actuado em muitos locais em diferentes países. Há algum sítio que considere especial?

São muitos para mencionar! Para um concerto, algumas das minhas cidades preferidas são Valencia, Porto, Glasgow, Galway e Oslo. Também há salas de espectáctulos que me são muito especiais, como o espaço Barrowland em Glasgow.

3)Para mim, “Modern Blues” é um álbum magnífico e intenso. Como decorreu o processo de gravação?

Foi gravado rapidamente, após um ensaio de dois dias, nos Estúdios Emporium Sound em Nashville. Eu escolhi Nashville, porque tem excelentes estúdios e engenheiros de som. Preparámos tudo e tocámos todos juntos, parte vocal incluída, criando uma certa atmosfera “swing” na forma de tocar. Alguns músicos americanos de renome trabalharam no álbum, incluindo David Hood do Estúdio Muscle Shoals, no baixo, e o teclista Irmão Paul, de Memphis. Ambos fazem actualmente parte da banda.

4) Qual a diferença entre a cena musical nos anos 80 e a música hoje em dia?

Nos anos 80, a rádio e os videoclips tinham muito mais poder e energia. Mas o gosto musical era péssimo nesse tempo. Penso que foi uma década terrível para a música e a moda, e muitas das liberdades e dos progressos que foram alcançados nos anos 50, 60 e 70 desmoronaram. Eu detestava tanto os anos 80 que tive que inventar os meus próprios anos 80, por isso escolhi tocar guitarra acústica e explorar o oeste selvagem da antiga Irlanda, afastando-me o mais possível do synth-pop e dos penteados com madeixas.

5) Em 2013 vocês actuaram no festival “ERP Remember Cascais”. Como é o público português?

Sempre gostei de tocar para o público português. São muito enérgicos e emotivos. Tenho o prazer de vos dizer que há um grupo de fãs portugueses que vai a muitos dos nossos concertos em Portugal, Espanha e até mais longe. Chamam-se Aguadeiros. Eles estiveram presentes nesse concerto em Cascais.

6) Depois de tantos anos na estrada, certamente tem muitas histórias para contar. Quer partilhar uma com os leitores do Som à Letra?

Ok. Eu costumava usar calças de cabedal. Em 1989, tinha umas que usei durante dois anos e começaram a ficar gastas na zona do traseiro. Por isso, remendei-as com fita adesiva, aquela que se usa nos concertos e espectáculos. Isso resultou durante algum tempo, até que num concerto, depois de cantar um tema ao piano, levantei-me e o banco ficou colado às minhas calças. Ou seja, o banco veio por arrasto. Foi aí percebi que aquelas calças já eram!

7) Quais são os planos futuros para os Waterboys?

Fazer uma tournée ao longo de todo o ano de 2015 e ser a melhor banda do mundo.

8)Estão a planear uma visita a Portugal? Adoraríamos tê-los cá.

Sim, esperamos actuar em Portugal no Outono de 2015. E talvez participar também num festival de Verão.

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