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Tubitek: Evolução na continuidade [Arquivo]

Tubitek: Evolução na continuidade [Arquivo]

 

Há duas semanas o Som à Letra decidiu passear pela invicta, passando pela Tubitek, analisando e discutindo discos, pois o cliente é sempre acompanhado e aconselhado. A tradição mantém-se.

Texto/ Irene Leite

Fotos/Cátia Cruz

Ao chegar à mítica loja, que abraçou gerações,  não resistimos a espreitar a oferta. De Bruce Spingsteen, AC DC, Iggy Pop, Clash a compilações diversas. Do popular ao alternativo. Literalmente para todos os gostos. O ecletismo é a palavra de ordem. E ainda bem.

A Tubitek na sua longa história, que iniciou-se nos anos 80 , abraçou (e abraça!) nomes como Pixies, Velvet Underground, The Sound, The Clash, entre tantos outros nomes sonantes. A abertura da loja culminou com o nascimento do punk, new wave e rádios piratas.

Foi uma das lojas mais emblemáticas do Porto durante duas décadas. Fez furor durante a década de 80 e inícios da década de 90. O mítico estabelecimento fechou há 14 anos.

Agora em 2014 tudo renasce: nova gerência, mesmo nome, mas o espírito mantém-se: o cliente é aconselhado e orientado. Podem-se esperar raridades e bons preços. Haverá ainda espaço para debates, conferências, concertos e encontros.

As histórias que marcam uma geração

Paulo Martins, um dos responsáveis pelo programa Back on Track , da Som FM, guarda boas memórias da Tubitek dos anos 90. “Recordo-me das pessoas estarem à frente da loja divididas por tribos (metal, indie, punk…. ), como se fosse uma meca da música. Eu tinha que me por a pé pelas 06:00 da manhã para ir comprar vinil lá, já que ia de comboio de Vizela. Era um centro onde toda a gente se encontrava. O regresso era mais doloroso visto que já tinha o vinil mas não o podia ouvir até chegar a casa. Depois veio e CD e acabou-se a espera  Eram os tempos em que era mesmo especial adquirir o que se gostava”, conclui.

Manuel Santa Rita, também colaborador do Som à Letra (espaço Kino) recorda com saudade o espaço.  “A primeira vez que entrei na Tubitek – porque havia lido num roteiro qualquer que era um dos ícones da cidade do Porto – fiquei de imediato deslumbrado pelo ambiente de Catedral do espaço envolvente; passava em música de fundo Diana Krall – All for you (A Dedication to the Nat King Cole Trio); depois de uma muito demorada pesquisa, fiz as minhas opções e delas recordo particularmente a “Storia di un minuto” da Premiata Forneria Marconi pelo que após se seguiu; aproximei-me do balcão, fui atendido por um Senhor de certa idade, impecavelmente bem vestido, extremamente simpático, que se encontrava atrás do mesmo acompanhado por um empregado (há um ou dois anos encontrei um moço no grupo Prog Adict cujo pai trabalhou na Tubitek e me informou que a mesma havia encerrado e que este Senhor eventualmente seria o dono) que me gabou o gosto musical e como me mostrei um incondicional da PFM ainda mais satisfeito ficou porque partilhávamos o mesmo gosto; enfim palavra puxa palavra, trocamos algumas impressões que não se ficaram somente por impressões e impressionado fiquei eu quando ele se dirigiu a umas pilhas de CD’s numa estante interna do balcão e passa-me para a mão: Impressioni…Vent’ Anni Dopo um duplo e raro CD ao vivo dos PFM; até fiquei sem respirar! Perguntou-me se conhecia e, claro, disse-lhe que não! Não era um CD que constasse muito nos circuitos comerciais habituais – daí eu nunca o ter visto – e tinha sido encomendado de propósito para alguém; e eu hipnotizado a cobiçar a coisa alheia até que ele quebrou o encanto e perguntou-me se queria ficar com ele! Incrédulo nem sabia se tinha ouvido bem; olhei-o inquisidoramente e repetiu que se quisesse podia levá-lo; não me sentia muito bem levar uma coisa que alguém havia encomendado e isso mesmo manifestei mas ele dissipou as minhas relutâncias e mais umas impressões trocadas, impressionado, fiquei com as “Impressioni… Vent’ Anni Dopo”! Enquanto fazia as contas chega-me aos ouvidos “Boulevard of Broken Dreams”; perguntei-lhe: “quem é esta miudinha???” e passa-me para as mãos – que já o não largaram – o All for you da Diana enquanto lhe tecia um rasgado elogio! Nem era preciso porque precisamente já me havia apaixonado por ela! E depois desta mais algumas visitas fiz à Tubitek onde o profissionalismo e conhecimentos musicais do pessoal que lá trabalhava eram definitivamente superiores”.

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