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Variações: o camaleão da música pop está de volta…no cinema

Variações: o camaleão da música pop está de volta…no cinema

variacoesHá algo na música de António Variações que me fascina particularmente. Talvez a incessante busca pela liberdade e ao mesmo tempo a simplicidade sempre muito sábia, até porque “dar e receber devia ser a nossa forma de viver”, proclamava a voz da canção do engate. Numa fase em que o mito volta na tela (em agosto) percorremos a carreira de António Variações. Confira.

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Por Irene Mónica Leite

Variações nasceu no Lugar de Pilar, uma pequena aldeia da freguesia de Fiscal no município de Amares, distrito de Braga. Filho dos camponeses Deolinda de Jesus e Jaime Ribeiro, António tinha onze irmãos. A sua infância foi dividida entre os estudos e o trabalho no campo.

A fase adulta seria cosmopolita. Com a ajuda do amigo e colega Fernando Ataíde, Variações foi admitido no Ayer, o primeiro cabeleireiro unissexo a funcionar em Portugal. Depois do Ayer, passou ainda por um salão no Centro Comercial Alvalade e só mais tarde abriu uma barbearia na Baixa lisboeta, sempre de braço dado com a inovação, portanto.

Entretanto, deu igualmente início aos espectáculos com o grupo Variações, atraindo rapidamente as atenções. Tudo deveu-se ao seu visual excêntrico mas também pelo seu estilo musical que combinava vários géneros, como o rock, o pop, os blues ou o fado. Em 1978, apresentou-se à editora Valentim de Carvalho e assinou contrato.

A discoteca Trumps ou o Rock Rendez-Vous foram os locais onde Variações se apresentou ao público. Em 1981, sem ter até aí editado qualquer música, participou no programa de televisão de Júlio Isidro, O Passeio dos Alegres.

Editou o primeiro single com os temas Povo que Lavas no Rio de Amália Rodrigues (a sua maior referência), e Estou Além. De seguida, gravou o seu primeiro LP, Anjo da Guarda com dez faixas, todas de sua autoria, onde se destacaram os êxitos É p´ra Amanhã e O Corpo É que Paga.

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Em 1984 lançou o seu segundo trabalho, intitulado Dar e Receber. Aparece pela última vez em público no programa televisivo “A Festa Continua” de Júlio Isidro. Será a única interpretação no pequeno ecrã das faixas do novo disco, usando o mesmo pijama com ursinhos e coelhinhos que usou na sua primeira aparição televisiva.

Quando a Canção de Engate invadiu as rádios, já António Variações se encontrava internado no hospital. Transferido para a Clínica da Cruz Vermelha, morreu a 13 de Junho, vítima de uma broncopneumonia, provavelmente causada pela SIDA.

Vinte anos após a sua morte, em dezembro de 2004, foi lançado um álbum em sua homenagem, com canções da sua autoria que nunca tinham sido editadas; sete conhecidos músicos portugueses formaram a banda Humanos  e gravaram 12 músicas seleccionadas de um conjunto de cassetes “perdidas” no património de Variações administrado pelo irmão, Jaime Ribeiro.

Mas quem era António Variações?

“Era alto e estudou muito. Gostava de arte popular e comprava coisas que muita gente considerava lixo, em sítios como a Feira da Ladra . Também ia ao teatro , ao D. Maria II, ver peças clássicas. O António fez-se a si próprio , em termos culturais , explica Manuela Gonzaga , a biógrafa que assinou António Variações , Entre Braga e Nova Iorque, citada pela Blitz .

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