A pandemia da Solidão
2020 é um verdadeiro ano apocalíptico a nível mundial. Afetou-nos a todos, agora o impacto vai sendo diferente, mediante o contexto de cada um. Ainda assim, o efeito é universal.
A cultura, aqui em Portugal, foi um dos sectores que mais sofreu e que lidou in loco com uma palavra nada bela: agonia.
As situações de crise são, acima de tudo, uma forma de ver a realidade de forma bruta. Pois é nessas situações que sabemos com quem contamos, com quem estamos e para onde vamos. E, por vezes, a vida parece tão ingrata, que ficamos sem rumo.
Não há mal que dure eternamente, não, e a solução acaba por nascer, sempre. É uma verdade universal. Penso que não necessito de um certificado de coach para o afiançar.
Agora, ultrapassar esses momentos de pânico não é, propriamente, fácil. O desespero e o medo paralisam de forma atroz e não somos todos iguais, cada um necessitando de mais ou menos atenção, consoante os constantes desafios que a vida proporciona.
As redes sociais permitem verificar muitos casos dessa solidão herdada destes penosos tempos pandémicos.
O confinamento já começa a ser estudado em muitos países afetados pela Covid -19 e conduz a outro problema : a solidão.
Há muitas formas de fazer companhia, e a mais simples reside numa palavra amiga, no poder da escuta ativa.
Não nos esqueçamos disso, e continuemos sempre a remar contra a corrente. A cultura, uma das áreas (talvez a mais?) afetadas desta pandemia, foi muito provavelmente a válida e poderosa companhia de muitos de nós.
Quem não aproveitou para um bom filme, um bom livro, um bom cd, um bom concerto online?
Não é bom destruir esta poderosa máquina de sonhos que é a cultura.
Irene Mónica Leite
Jornalista e escritora
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