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Monty Phyton: SPAM, SPAM, SPAM

Monty Phyton: SPAM, SPAM, SPAM

Desafiaram o politicamente correto, provaram que o humor não tem limites e ajudaram-nos a olhar sempre para o lado positivo da vida. São os Monty Phyton, os gigantes que inspiraram (e inspiram!) gerações de humoristas e não só! São 50 anos a rir e a aplaudir. A Scratch recorda-os.


Texto Irene Mónica Leite

A influência dos Monty Phyton na comédia chegou a ser comparada ao impacto causado na música pelos Beatles. Enquanto no humor britânico a sua presença sempre foi nítida, nos Estados Unidos ela é especialmente evidente em programas de conteúdo absurdo como South Park, Adult Swim, trechos de Late Night with Conan O’Brien, para além do programa Saturday Night Live. O termo ‘pythonesque’, em tradução livre ‘pythonesco’, está em dicionários da língua inglesa para indiciar algo surreal ou absurdo. Obra!

Consta que em Portugal aterraram na RTP num ecrã ainda a preto e branco. Mas as cores do seu humor desde logo foram bem audíveis, perdão, visíveis, que o diga Herman José, que em entrevista ao Diário de Notícias recordou a influência no seu trabalho por parte destes britânicos insurretos.

“Eles são a bíblia de todos os humoristas modernos, são incontornáveis. E a mim mudaram-me a vida quando em 1975 comecei a vê-los na RTP2”.

O humorista recorda que os Monty Phyton representavam “uma maneira totalmente diferente de chegar ao humor e uma linguagem que me tocava profundamente, e que era diferente da linguagem que fazia rir os meus pais”.

A influência deste gangue britânico no trabalho de Herman é incontornável. “Eles estão sempre presentes. A voz da minha Maximiana são as personagens deles. O tipo de nonsense e o tipo de timing é deles”, assegura ao DN.

Também Ricardo Araújo Pereira, dos eternos Gato Fedorento, recordou ao DN a impressão que os Monty Phyton lhe causaram. “A impressão que me causou foi, provavelmente a mesma que causa a qualquer miúdo que vê aquilo pela primeira vez: eu não sabia que era possível ser assim. É uma espécie de loucura fulgurante, governada por uma razão sofisticada. Foram exatamente estas palavras que me ocorreram aos 10 anos”.

Ricardo Araújo Pereira regressa aos sketches e filmes dos Monty Phyton “muitas vezes”.

A indiscutível obra

“Monty Phyton Flying Circus” está repleto de um humor desconcertante e irresistivelmente pouco ortodoxo. A Inquisição espanhola, a palavra SPAM, ou as Avozinhas do Inferno, dizem-vos alguma coisa? Pergunta retórica.

Originalmente composto por Eric Idle, Graham Chapman, John Cleese, Michael Palin, Terry Jones, jovens atores britânicos que implementaram um novo estilo de texto e representação, marcadamente anárquico e pautado pelo completo surrealismo das cenas. Também contavam com Terry Gilliam, cartunista que trabalhara na revista Mad.

O grupo contava ainda com Carol Cleveland, Neil Innes e alguns outros atores, todos tendo participações menores. Também esteve em alguns sketches Connie Booth, ex-mulher de John Cleese.

De igual modo, fizeram participações especiais celebridades como Steve Martin, Douglas Adams (autor da série O Guia do Mochileiro das Galáxias), Rowan Atkinson (ator que interpreta Mr. Bean) e os ex-beatles Ringo Starr e George Harrison.

Para além da serie, também houve (grandes) filmes como “A Vida de Brian”, numa história que se mete com Jesus e Cristãos, e nos ajuda a olhar para o lado positivo da vida (“Always look on the bright side of life”).

O humor destes senhores é decididamente UNIVERSAL e atual. Os Monty Phyton – Graham Chapman, John Cleese, Michael Palin, Eric Idle , Terrry Jones e Terry Gilliam são a prova de que o humor não tem limites , ou pelo menos, constitui um excitante desafio.

De acordo com o DN, John Cleese refere mesmo que “o politicamente correto é um pouco como a avozinha ou a tia chata que chega a uma festa onde toda a gente está a divertir-se”.

“Tem de haver liberdade e espontaneidade no humor e isso implica gozarmos uns com os outros. Não se trata de maldade, o gozo maldoso corta-se. Há certas piadas racistas que eu não diria, porque são apenas más e não têm graça”, assegura Cheese, citado pelo DN.

Porquê Monty Phyton? 

Promotional portrait of the British comedy troupe Monty Python including (left to right) John Cleese, Graham Chapman (1941 – 1989), Michael Palin, Terry Jones, and Eric Idle, on the occasion of the BBC debut of their absurdist television sketch comedy show series ‘Monty Python’s Flying Circus,’ October 5, 1969

O nome Monty Python foi escolhido por simplesmente o gangue insurreto o considerar engraçado. No documentário Live at Aspen, de 1998, o grupo revelou como o nome foi escolhido. Monty veio em tributo a Lord Montgomery, um lendário general britânico da II Guerra Mundial. Python surgiu, pois, eles decidiram ter uma palavra que também soasse evasiva, e essa pareceu perfeita. E assim se fez história, perdão, a lenda.

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