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À conversa com…Pãodemónio

À conversa com…Pãodemónio

Espirito “Zappiano” onde a liberdade criativa impera. Eis os Pãodemónio , banda potuense que apresenta um verdadeiro (e irresistível) cocktail sonoro, onde o jazz, a música experimental, o metal, ou o funk se encontram, como podem comprovar no álbum “Pirraças Pueris”, editado a 12 de Maio de forma independente .

1-Como e quando tudo começou?

Ricardo: Começou numa viagem Lisboa-Porto em que eu e o Fábio estávamos “colados” no disco “Ultrahang” do Chris Potter e decidimos criar um grupo com a mesma formação instrumental, para explorarmos as possibilidades de fusão de estilos musicais e da acústica com a electrónica. O Nuno e o Marcelo foram convidados de imediato.

2-Porquê Pãodemónio?

Ricardo: Porque é uma palavra inventada que na verdade obriga as pessoas a pronunciar “pandemónio” com sotaque do Porto, que é a cidade onde vivemos os quatro. Além disso a ideia de “pandemónio” ilustra um pouco a música que nós fazemos e, sendo uma palavra genuinamente portuguesa, é também uma forma de identidade.

3-Quais são as vossas principais influências?

Ricardo: Pensando simultaneamente na composição e na performance, eu diria: Messiaen, Debussy, Bartók, Scriabin, Shostakovich, Frank Zappa, Kurt Rosenwinkel, Meshuggah, Chris Potter, Marcus Miller, Korn, Rage Against the Machine, Miles Davis, Nusrat Ali Khan, enfim, é difícil fazer uma seleção porque na verdade há uma imensidão de coisas que nos influenciam em diferentes medidas e aspectos… acho que isso é transversal a todo o artista que procura criar da forma mais pessoal, genuína e original possível – e esse é definitivamente o meu (e nosso) caso.

4-Variedade de estilos é característica chave no vosso trabalho. Como funciona o vosso processo criativo, já que abarca diferentes backgrounds?

Ricardo: No que aos temas do disco diz respeito, o processo criativo tem sido partir das partituras que eu escrevi, procurar sons, desenvolver estruturas e encontrar possibilidades de orquestração e de improvisação. Mas nós fazemos também um tipo de trabalho mais complexo: composição espontânea através da improvisação colectiva. Este é um método que nos leva a outro tipo de composições, geralmente mais extensas e encadeadas. Seja qual for o caso, é nos ensaios que estudamos juntos as formas de combinar (ou não!) diferentes estéticas instrumentais e musicais. Resumindo: composição, experimentação, estruturação e performance.

Fábio: Como o Ricardo disse e bem apesar de vários pontos de partida no fundo é uma caminhada em conjunto. Obviamente quem escreve é o visionário, registando ideias nessa direção, eu diria que aí está materializada a fatia mais significativa do bolo, no entanto, é no trabalho em grupo com ensaios que as peças se juntam, que se experimenta e muitas vezes que se descobrem caminhos paralelos, novas panorâmicas e novos sons, novas manipulações que serão a cereja em cima do bolo durante a performance, que quando brindadas com muita improvisação colectiva gera interessantes e explosivas surpresas.

5-Como tem sido a recepção do público?

Fábio: Tem sido mesmo muito positiva, no final dos concertos temos sempre um bom feedback sobre a nossa performance. Eu diria que tal se deve precisamente ao facto da nossa música ser bastante abrangente e de certa forma agradar amantes de Rock, Metal, Indie, Funk, Jazz, Fusão, Avant Garde, entre outros, há portanto momentos para cada tipo de fã, desde improvisação contemporânea até riffs dignos de um belo headbanging. Por outro lado, tentamos tocar e experienciar o concerto como se não houvesse amanhã, com nível de energia sempre alto e desafios musicais de dificuldade elevada, eu diria que muitas vezes caminhamos freneticamente junto ao abismo, arriscamos imenso mas o que resulta dessa experiencia é verdadeiramente enriquecedor, e tudo isso não passa indiferente a quem nos ouve e nos vê. Por outro lado, grande parte do nosso concerto é feito com música improvisada, logo nunca há dois concertos semelhantes, o que é bom para quem nos segue mais do que uma vez, e nesse sentido já conseguimos reconhecer alguns fãs que fazem questão de aparecer em praticamente todas as nossas performances.

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