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Georges Méliès e o cinema de 1900 em Vila Nova de Gaia

Georges Méliès e o cinema de 1900 em Vila Nova de Gaia

No âmbito da sua programação cultural, a Fundação ”la Caixa” dedica especial atenção a manifestações artísticas fundamentais para a formação da sensibilidade contemporânea. Nesta linha incluem-se as exposições consagradas ao cinema, que, juntamente com a fotografia, é a forma de arte mais característica do século XX. Deste modo, nos últimos anos, a Fundação “la Caixa” tem dedicado exposições retrospetivas a grandes nomes do mundo do cinema, como Charles Chaplin, Federico Fellini e Georges Méliès.

Depois da grande retrospetiva sobre o cineasta francês, que pôde ser visitada nos últimos dois anos nos centros CaixaForum – centros culturais espalhados pelo território espanhol- a Fundação “la Caixa” apresenta agora um inovador projeto expositivo. Trata-se de uma viagem no tempo que transporta os visitantes para a época em que o cinema se transformou num espetáculo popular, devido, em grande parte, às invenções e técnicas desenvolvidas por Georges Méliès.

Filho de um empresário do calçado, Méliès (1861-1938) foi ilustrador, mago, construtor de artefactos, encenador, ator, cenógrafo e técnico de cinema, além de produtor, realizador e distribuidor de mais de 500 filmes entre 1896 e 1912. Reinou no mundo do género fantástico e da trucagem cinematográfica durante quase vinte anos, e o seu contributo para a sétima arte foi fundamental: introduziu o sonho, a magia e a ficção no cinema quando este apenas dava os seus primeiros passos e consistia unicamente em documentários.

Perante o cinema documental dos irmãos Lumière, o ato inovador de Méliès consistiu em combinar o universo de Jean-Eugène Robert-Houdin, pai da magia moderna, com a cinematografia de Marey, e em dar impulso ao cinema como espetáculo.

Como génio dos efeitos especiais, Méliès aplicou ao cinema truques de magia, pirotecnia, ilusões de ótica, deslocações horizontais e verticais, paragens de câmara, transições encadeadas, sobreposição de imagens, efeitos de montagem e de cor e a técnica da lanterna mágica, entre outros. Tudo parece ter sido inventado e utilizado por este virtuoso da técnica cinematográfica.

Méliès gozou de uns bons anos de glória, de extraordinária popularidade, que culminaram com a estreia, em 1902, de Le voyage dans la Lune (A Viagem à Lua), filme visto por milhões de espetadores. Infelizmente, a expansão da indústria cinematográfica e o surgimento de grandes produtoras como a Pathé e a Gaumont conduziram Méliès à ruína e ao esquecimento. Em 1923, totalmente arruinado, destruiu os negativos de todos os seus filmes e acabou a sua vida profissional a vender brinquedos na estação parisiense de Montparnasse. O jornalista Léon Druhot reconheceu-o na estação e foi então que a sua obra começou a ser valorizada e recuperada.

Refira-se que a exposição Senhoras e senhores, o espetáculo vai começar. Georges Méliès e o cinema de 1900 está dividida em três partes. A primeira parte apresenta-nos o contexto de Georges Méliès, uma primeira abordagem à viragem do século e aos principais aspetos sociais, políticos e populares do mundo de 1900.

Do outro lado da cortina, os visitantes encontrarão a segunda parte, que apresenta o mundo de Méliès e a experiência cinematográfica propriamente dita. O ambiente de feira remete para o cinema do final do século e para a importância de Georges Méliès naqueles primeiros passos do novo espetáculo.

A última parte é dedicada a Le voyage dans la Lune, o primeiro filme pensado, criado e distribuído para alcançar o êxito, em 1902. Neste ponto, aprofunda-se a forma como o cinema evoluiu desde a época de Méliès e a influência deste pioneiro na criação da linguagem cinematográfica e na conceção do cinema como espetáculo popular. Explica-se igualmente a trajetória do cineasta, que acabou a sua vida profissional a explorar uma loja de brinquedos em Montparnasse, e como foi novamente redescoberto em 1926 para vir a ocupar, até aos nossos dias, o lugar de uma das figuras-chave do cinema.

Abertura público geral:
De segunda a sexta-feira, 12h00-13h30, 16h00-20h00
Sábados, domingos e feriados de 10h00-13h00, 16h00-20h00
Visitas guiadas para grupos escolares e outros coletivos:
De segunda a sexta-feira, 9h00-12h00, 14h00-16h00
Visitas comentadas para público geral:
De segunda a sexta-feira, às 18h00
Sábados, domingos e feriados, às 11h00 e às 18h00
Capacidade limitada
Duração: aproximadamente 1 hora
A visita à exposição deverá ser agendada através do número de telefone 215 562 495 (informação e reservas).

 

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