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Mão Morta no Hard Club

Mão Morta no Hard Club

O ambiente era de grande entusiasmo e expectativa mas a legião de fãs chegou tarde. Talvez por causa da chuva, a sala encheu pouco antes de Adolfo Luxúria Canibal e a sua trupe entrarem em palco.

Texto/Beatriz Camps

Fotos/Maria Camps

Por altura da terceira música, já todos batiam com o pé. A interacção de Adolfo com o público criou um ambiente familiar e colaborativo – «enquanto vocês não começarem a suar, ninguém se despe» – advertiu Adolfo. Do que consta, ninguém se chegou a despir, provavelmente por decoro. De qualquer forma a organização agradece.

Ouviram-se temas de vários álbuns (revisitando Mão Morta, Mutantes, O.D., Rainha do Rock & Crawl, Carícias Malícias, Vénus em chamas, para além das músicas do último álbum – Pelo meu relógio são horas de matar – que abriram e fecharam o concerto. Um «reportório muito pouco democrático», alertou o vocalista, pois «tal como no caso da austeridade, não há alternativa. Vamos tocar aquilo que vamos tocar porque são as únicas músicas que sabemos tocar com o Ruca [Lacerda]». E o baterista, tão conhecido da cidade invicta, não desiludiu. Todas as músicas foram acompanhadas pelo trautear do público, que teve ainda o privilégio de dois encores.

É certamente de louvar que uma banda com três décadas de carreira continue a marcar pontos junto dos novos ouvidos que todos os anos despertam para a música além Rihanna. É um facto que o último single da banda pode ter contribuído para o fenómeno. Quantos de nós afinal não fantasiam secretamente com a possibilidade de castigar os líderes governativos do ‘sistema’ enquanto gritam la la la la la la la

E foi assim mais um concerto de Mão Morta. Durante quase duas horas, o público marcou o ritmo com o pé, cantou, gritou e ocasionalmente deu murros no ar. Os fãs abandonaram a sala ordeiramente numa ‘anarquia organizada’ mas certamente com a cabeça cheia de palavras anti-austeridade, liberdade e outras igualmente censuráveis.

Setlist

Irmão da solidão (Pelo meu relógio são horas de matar)

Quero morder-te as mãos (O.D., Rainha do Rock & Crawl)

Oub’lá (Mão Morta)

Berlim (Mutantes)

Histórias da cidade (Pelo meu relógio são horas de matar)

Pássaros a esvoaçar (Pelo meu relógio são horas de matar)

Budapeste (Mutantes)

Barcelona (Mutantes)

Vamos fugir (Carícias Malícias)

Hipótese do suicício (Pelo meu relógio são horas de matar)

Lisboa (Mutantes)

Anarquista Duval (O.D., Rainha do Rock & Crawl)

Velocidade escaldante (Vénus em chamas)

Véus caídos (Mão Morta)

E se depois? (Mão Morta)

Pelo meu relógio são horas de matar (Pelo meu relógio são horas de matar)

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